terça-feira, 26 de outubro de 2010

Autor: Leon Monteiro Sampaio

Pra mim, quem é contra o Estado laico e defende a intromissao da religiao em decisões que afetam todos (de diferentes religiões e não-religiosos) só tem essa postura no momento em que é a SUA religião que tem o maior poder de influência.
Se nos próximos anos houver uma onda de islamismo aqui no Brasil e eles tentarem adaptar as leis à religiao deles, todo mundo vai chiar.

Sou a favor de um Estado laico simplesmente porque não acho justo que pessoas não-religiosas (ou de outras religiões que não a da maioria) sejam obrigadas a seguir regras que deveriam se aplicar SOMENTE a quem pertencesse a um determinado grupo religioso.

Em um nível superior e mais abrangente deve haver a Declaração Universal dos Direitos Humanos, válida para TODAS as pessoas em TODO o mundo. A partir dela, deve-se adaptar às leis de cada local.
Independente da localização geográfica ou da cultura local (incluindo religião como uma parte dela), por exemplo, deve ser combatido com todo vigor o apedrejamento de mulheres, o trabalho escravo, a mutilação genital de crianças, o sacrifício humano, o assassinato de recém-nascidos deficientes ou de um dos irmãos que nascem gêmeos, dentre outras formas de violência geralmente corroboradas e/ou estimuladas pela cultura/religião de um povo.

Esses sao os limites. Fora isso, TODAS as manifestações culturais devem ser toleradas. Em cima dessa diversidade que deve ser trabalhada a Constituição. Vou tentar dar um exemplo absurdo pra ficar mais fácil a visualização:
Digamos que exista um país democrático chamado País. Nele, 70% da população segue a religião A, 20% segue a B, 5% a C e 5% também não são religiosos, rejeitam todas as 3 religiões anteriores.
A religião A só permite que seus seguidores pratiquem sexo na posição do "missionário". O resto nao ta nem ai pra vida sexual de ninguém.
Como a religiao A é maioria absoluta em País, caso se permita discutir uma lei que criminalize outras posições sexuais além da do missionário por questões puramente religiosas, é provável que a lei entre em vigor.
Democraticamente tá ok, mas é JUSTO? Você acha correto que uma minoria (relativamente considerável nesse exemplo) deva ser submetida a um policiamento do Estado por causa de uma questão religiosa, subjetiva e íntima, com grandes riscos de serem penalizadas por isso?

Os sacerdotes da A que eduquem seus seguidores, o Estado não tem nada a ver com isso! Se um seguidor não conseguir se adequar a essa "regra", ele pode achar irrelevante e continuar se considerando um A, ou pode contestar essa "regra" de 2 maneiras: fundando um ramo dessa religião onde essa "regra" não exista ou abandonando essa religião A pra se tornar um B, C ou não-religioso.

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
Contato: estadolaicoja@gmail.com

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