sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Escárnio sobre a Sexualidade

Autor: Eduardo Maskell

http://eduardomaskell.blogspot.com/2010/10/escarnio-sobre-sexualidade.html


Nós humanos não temos nada de tão misterioso. Como as plantas, a gente nasce, cresce, se reproduz e morre. Mas pra isso a gente faz sexo. Ah, a gente faz sexo...

A minha mãe fez sexo. A sua mãe fez sexo. E o meu pai fez sexo com a minha mãe (e com a sua também, quem sabe). Se você nasceu, é porque duas pessoas se olharam nos olhos. Palpitaram de emoção. Sentiram crescer as raízes do amor. E foderam. A sacanagem é condição básica para a existência. Não só por que somos filhos dela. Mas por que a libido vem antes de tudo. Fazemos sexo com nossos parceiros, fazemos sexo com nossos amigos, fazemos sexo com nossos familiares. Isso mesmo, aquela prima, aquele primo... Ou o velho Édipo. Quem não conhece a história daquele esquisito que comeu a mãe? Fazemos sexo com a comida, com o dinheiro, com nós mesmos. E nem precisamos usar as mãos. Fazemos sexo com os outros animais. Vivos, mortos. Sexo com o divino espírito santo! Amém. O que isso quer dizer é que todo mundo faz sexo: até mesmo quem não faz. Basta pensar nos palavrões. Uma coisa boa é uma coisa foda. Uma coisa ruim também. E a porra da violência, a porra da política, a porra da televisão. A porra desse mundo fodido pra caralho. Uma ereção a cada palavra, uma ejaculação a cada frase. E tudo no masculino. Puta que pariu...

Qual o grande problema com as putas? Elas são mulheres, ora. Já sei: esse é o problema. Mas elas são humanas! Como seu pai, pra quem elas dão o cu. Ah, tá. Vai dizer que seu pai não é disso. É, nem o meu. E por isso mesmo não existem putas no mundo. Né? Ninguém quer se contaminar com os pecados da carne. Ninguém quer se contaminar com as perversões sexuais. Todo mundo quer seu pedaço no céu da sociedade. Todo mundo quer seu pedaço de sanidade. Por isso eu digo a todo mundo: vá tomar no cu! O que nem deve ser ruim. Não sei, não sei... Mas é o melhor que podem fazer para as suas vidas. Se você vai pra igreja, é porque sua mente é poluída e você quer limpar ela. Se você não vai pra igreja, é porque sua mente é poluída e você nem se preocupa em limpar ela. Claro, tem gente que não faz sexo mesmo. E vai muito bem, por que não? Mas o que estou falando aqui é das Virgens Marias e Josés. A norma da sociedade é faça sexo ou não faça sexo. É fale de sexo ou não fale de sexo. E então as pessoas fazem ou não fazem, falam ou não falam. E do jeito que querem que elas façam (ou não) e do jeito que querem que elas falem (ou não).

E que porra é educação sexual? Os mocinhos colocam a camisinha no seu pintinho pra meter ele na bucetinha das mocinhas. Ah, vá! Vá, vá, vá, vá, vá, vá... tomar no cu! E se o mocinho quiser o mocinho? E se a mocinha quiser a mocinha? E se o mocinho quiser ser mocinha, a mocinha ser mocinho e o sexo não for pra descobrir de onde vêm os bebês? Porra, o mundo tá doente! Mas o problema não são os homossexuais ou os transsexuais ou os interssexuais. Nem os heterossexuais. Ou bissexuais, ou panssexuais ou assexuais ou o sexo em qualquer forma. Os doentes desse mundo são os que não estão doentes. Aqueles que fazem o sexo da sua forma correta e saem por aí ensinando a todo mundo como é que se faz sexo. Venham aqui que eu vou lhes ensinar como é que se faz sexo! E se fosse algo sagrado, tenho certeza que era Deus quem viria ensinar como é que se faz. Se ele não veio, quem são vocês pra substituir ele? Então parem de encher tanto a cabeça das pessoas sobre esse assunto. Deixem as pessoas gozar direito. Deixem as pessoas gozar sozinhas. Deixem as pessoas gozar! E elas saberão melhor que vocês cuidar do gozo delas.

Obrigado e vão tomar no cu! Minha avó estaria orgulhosa de me ouvir dizer isso.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Autor: Leon Monteiro Sampaio

Pra mim, quem é contra o Estado laico e defende a intromissao da religiao em decisões que afetam todos (de diferentes religiões e não-religiosos) só tem essa postura no momento em que é a SUA religião que tem o maior poder de influência.
Se nos próximos anos houver uma onda de islamismo aqui no Brasil e eles tentarem adaptar as leis à religiao deles, todo mundo vai chiar.

Sou a favor de um Estado laico simplesmente porque não acho justo que pessoas não-religiosas (ou de outras religiões que não a da maioria) sejam obrigadas a seguir regras que deveriam se aplicar SOMENTE a quem pertencesse a um determinado grupo religioso.

Em um nível superior e mais abrangente deve haver a Declaração Universal dos Direitos Humanos, válida para TODAS as pessoas em TODO o mundo. A partir dela, deve-se adaptar às leis de cada local.
Independente da localização geográfica ou da cultura local (incluindo religião como uma parte dela), por exemplo, deve ser combatido com todo vigor o apedrejamento de mulheres, o trabalho escravo, a mutilação genital de crianças, o sacrifício humano, o assassinato de recém-nascidos deficientes ou de um dos irmãos que nascem gêmeos, dentre outras formas de violência geralmente corroboradas e/ou estimuladas pela cultura/religião de um povo.

Esses sao os limites. Fora isso, TODAS as manifestações culturais devem ser toleradas. Em cima dessa diversidade que deve ser trabalhada a Constituição. Vou tentar dar um exemplo absurdo pra ficar mais fácil a visualização:
Digamos que exista um país democrático chamado País. Nele, 70% da população segue a religião A, 20% segue a B, 5% a C e 5% também não são religiosos, rejeitam todas as 3 religiões anteriores.
A religião A só permite que seus seguidores pratiquem sexo na posição do "missionário". O resto nao ta nem ai pra vida sexual de ninguém.
Como a religiao A é maioria absoluta em País, caso se permita discutir uma lei que criminalize outras posições sexuais além da do missionário por questões puramente religiosas, é provável que a lei entre em vigor.
Democraticamente tá ok, mas é JUSTO? Você acha correto que uma minoria (relativamente considerável nesse exemplo) deva ser submetida a um policiamento do Estado por causa de uma questão religiosa, subjetiva e íntima, com grandes riscos de serem penalizadas por isso?

Os sacerdotes da A que eduquem seus seguidores, o Estado não tem nada a ver com isso! Se um seguidor não conseguir se adequar a essa "regra", ele pode achar irrelevante e continuar se considerando um A, ou pode contestar essa "regra" de 2 maneiras: fundando um ramo dessa religião onde essa "regra" não exista ou abandonando essa religião A pra se tornar um B, C ou não-religioso.

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
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domingo, 24 de outubro de 2010

A incoerência dos "pró-vida" - George Carlin

Sim, eles são muito incoerentes.



Mas chega de falar deles!

Por um país livre,

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sábado, 23 de outubro de 2010

Balanço da Semana

Na USP (http://migre.me/1Jt41) os opositores pararam de responder. Na UFBA (http://migre.me/1Jt5r) eles começaram a, literalmente, repetir as respostas. De forma imbecilizada, quase inexplicável. Um milagre às avessas (?)

Variam entre motivar o dogmatismo religioso na política ou tentar desqualificar as estatísticas apresentadas nos nossos argumentos, cujas fontes citamos, a exemplo da Pesquisa Nacional de Aborto, e eles dão provas que nunca consultaram, nem parecem pretender consultar. Dogmatizam os dados, fecham os olhos a estes e a muito mais, a ponto de dizerem "Eu nunca vi uma mulher ir a um hospital, vítima de complicações de aborto, deixar de ser atendida pq é crime o aborto"(!) Simplesmente atacam as pessoas como crianças o fariam (e melhor que eles). Insistem no tema aborto, reflexo de campanhas (não discussões) para o segundo turno das eleições. Triste pensar que para alguém isso é democracia. São pessoas que defendem abertamente o direito dos líderes religiosos em guiá-los como ovelhas e isso dito assim, com essas palavras. Nem podemos dizer aqui que é um problema da religião. Há quem acredite em Deus, mas ainda toma decisões sobre sua vida: vivendo. Mas, infelizmente, muita gente delega isso ao padre, pastor ou qualquer outro que os conquiste não com palavras de Deus, mas palavras de uma direita conservadora, usando instrumentos perversos para controlar mentes. Um desses instrumentos, vale aqui citar, é a grande mídia, que mente - podemos dizer com certa ironia - religiosamente. Não se trata (apenas) de omissão de fatos, mas escamoteamentos e distorsões absurdas. Transformam o aborto em questão eleitoral, um rolo de durex em "bobina" (boo!) e jornal Estado de Minas em PT. De repente ir contra essa forma domesticadora de poder é ser "esquerdalha", "abortista", entre outras coisas que nunca colocamos em defesa, mas eles insistem em colocar em ataques.

Afinal, virou crime defender a liberdade?

Por um país livre,

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Democracia

As falhas na consolidação do Estado laico se misturam com as falhas na consolidação da democracia. Há quem não entenda por que discutir qualquer dos dois assuntos, já que estariam em funcionamento perfeito atualmente. Pela via democrática, nós nos opomos a essa ideia (e não somos só nós); e por essa mesma via, temos direito (ou até dever) de reclamar, debater e participar. Como dissemos em resposta a um dos opositores no debate da USP (http://migre.me/1JhCH): o debate leva em conta os que concordam e os que discordam. Maioria ou minoria que seja cada lado, se existe um para se opôr ao que seja, há necessidade de discutir o que seja. É assim numa democracia.



Motivos semelhantes, acreditamos, levaram José Saramago a fazer esta breve e certeira crítica, da qual compartilhamos.

Por um país livre,

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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Documento da Semana CQC - Aborto

Acrescentando ao tema aborto, matéria do último CQC:



Por um país livre,

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terça-feira, 19 de outubro de 2010

Discurso de Obama sobre religião

O atual presidente americano Barrack Obama discursou sobre religião, em uma posição semelhante à que aqui temos. Os EUA sofrem com as amarras do conservadorismo entranhado na sua política. E o Brasil?



Por um país livre,

Estado laico JÁ!
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Convite

Relembramos a necessidade de nos mobilizarmos por todo o país, virtualmente, o que estamos conseguindo e pode ser promovido, mas também presencialmente, o que precisamos iniciar. É um movimento de muita importância nesse momento de eleições e que tem também respaldo para além dele. Estamos disponíveis para contato em:

Orkut - http://migre.me/1D1q8
Blog - http://estadolaicoja.blogspot.com/
Twitter - http://www.twitter.com/estadolaicoja
E-mail - estadolaicoja@gmail.com

É isso, convite aberto!

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
Contato: estadolaicoja@gmail.com

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Trono vago

Seguimos com os debates nos endereços listados abaixo. Para acessá-los, basta ter um perfil no Orkut - http://www.orkut.com/

UFBA - http://tinyurl.com/2bvuxvx
USP - http://tinyurl.com/29m4r63
UFPR - http://migre.me/1Bwcr
Esquerda - http://migre.me/1CSV8
Filosofia - http://migre.me/1CSXi

Expusemos o tema ainda em outras comunidades, mas com menor efeito. Continuamos com a tarefa de expandir a discussão. Pensamos em ter um fórum "fixo", com endereço próprio, à parte do Orkut. Estamos avaliando para ver como agir e qual é a melhor opção. Essas questões mais práticas e qualquer mudança relativa serão noticiadas no blog, que serve para isso e também para registros como os que fizemos e este que agora vamos fazer.

Nas comunidades acima citadas com seus endereços, esforçamo-nos para manter um bom debate, o que, para nós, significa pautá-lo com ideias, raciocínios, enfim, argumentos com que contestamos e pelos quais somos contestados. Com isso conseguimos muita oposição, inclusive de pessoas que tentaram desvirtuar o debate dessa sua condição dialético-democrática.

Acontece que nossas ideias podem ser postas a prova, sendo elas mesmas resultado de outras ideias postas a prova, por nós mesmos ou não. São todas inacabadas como têm que ser. Desta forma a contestação não só é possível, como também é necessária e bem-vinda. Nós buscamos ser compreendidos antes de sermos aceitos. O contrário acontece com as ideias que alguns opositores dogmáticos colocam contra a gente. Difícil refutá-las.

Acessando o endereço da discussão na UFBA (http://tinyurl.com/2bvuxvx), verão que ironicamente se alternam e se repetem os opositores. Alternam-se porque muitos desistem do debate e dão lugar a outros, os quais se repetem nos erros que levaram à desistência dos primeiros: atacar, atacar e atacar, como se nada dissemos de relevante ou irrelevante, de argumento realmente. Algo próximo de acontecimentos das eleições atuais. O que diferencia é que nesse caso argumentamos sim, e com relativa pertinência.

Mas ora, se este outro não entende nosso argumento - o que, mais uma vez, é diferente de aceitá-lo - por que há de ser culpa dele? Pode ser problema nosso, já que não somos claros o suficiente (e não estamos sendo irônicos aqui). Todo o tempo tentamos deixar transparente que, antes de apoiarmos ou condenarmos o aborto, a união homoafetiva e demais temas, o que mais defendemos e buscamos é a liberdade para debatê-los com democracia em um Estado laico.

Para bem ressaltar as ideias, vale a arte, dando-lhes nova paixão e consequente compreensão. Neste caso, uma poesia:

Trono vago

Matheus Santos Rodrigues Silva
http://migre.me/1CZV6

Deusa intangível, onde estás?
Procuram-te em toda a imensa terra;
buscam-te há tempos ancestrais;
por ti todo o mundo entrou em guerra!

Que imagem é essa que se mostra?
Que falsa figura se anuncia?
É uma cópia desastrosa!
Inerte, morta... tão vazia...

Não é você, oh deusa adorada!
É alguma farsa usurpadora!
Essa dama nem ao menos fala!
É insossa, fraca, é tola!

Onde está você? Me diga!
Em que tempo esqueceu-te a sorte?
Onde está a tua mão amiga?
O teu pensar e o teu discurso forte?

Essa mentira tem que parar!
Por que o mundo se cala?
Não podemos aceitar
uma líder que nem fala!

Dois bilhões a rastejar.
Poucas dezenas a beber
a glória de ali estar,
a alegria de poder ser

os que têm voz e tem valor;
os que decidem pelo mundo;
Sem ninguém pra se opor
além de um pobre vagabundo...

Ao vagabundo prometeste
que este falaria
e que não importava o interesse,
o mundo todo ouviria!

Deusa, noiva prometida,
ninguém questiona a tua falta.
O mundo passa pela vida
e pela vida é que se acaba...

Estamos todos calados
Afundados em letargia;
preciso-te em meus braços...
Onde estás democracia?

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
Contato: estadolaicoja@gmail.com

domingo, 17 de outubro de 2010

Mas o Estado já não é laico?

É uma pergunta que respondemos nos debates. Alguns conservadores até usam-na para deslegitimar nossas ideias e até mesmo colocar a nossa fala como contrária ao Estado laico, acusando-nos de estarmos defendendo um Estado ateu (que é diferente de laico). Bem, respondendo à pergunta sobre a laicidade do Estado, é fato que sim, no Brasil ela existe - na Constituição. E aqui entra o fundamental da nossa reivindicação: conquistamos esta liberdade e precisamos exercê-la. São igualmente livres todos os religiosos e não religiosos para terem a sua consciência e prática no âmbito da religião, sem discriminação no seu tratamento, desde que estas em nada interfiram nas decisões da política do Estado. Usando o exemplo do aborto, que prevalece nas discussões, cada um pode ser contra ou a favor da sua criminalização ou descriminalização. O que ninguém pode é justificar essa posição com um argumento religioso. Isto tudo é bem simples, mas tentam complicar o raciocínio usando de um relativismo torto. Basicamente, o que acabam por dizer é: "Ora, se as religiões são livres, elas podem julgar e punir aqueles que violam o que os religiosos, a maioria, acharem certo baseados em sua religião". A questão principal é que este "certo" nunca e em nada pode ser contestado e, assim sendo, pode justificar qualquer ato, violento ou não, em direção a qualquer pessoa, religiosa ou não religiosa. Esta justificativa para os atos é visível também no caso da ditadura, um exercício absoluto do poder, acima de qualquer contestação, que foi inclusive citado como solução por algumas pessoas no debate da UFPR (http://migre.me/1Bwcr). Antes de pensarmos nas consequências de atos e decisões com tal motivação, analisemos ainda que o "certo" para uma religião pode não o ser para outra. Estaríamos, enfim, inseridos num campo de batalha, a todo (e muito) custo na busca deste "certo" inalcançável. É para evitar isso que o Estado é laico na Constituição e cabe a todos nós garantirmos que este também o seja no exercício da política. Sabemos que proibir o roubo não bastou para que este deixasse de ser praticado. É preciso que se cumpra o previsto na lei. Assim ocorre também com o recente e equivocado debate sobre o aborto, além de diversas outras práticas, como intolerância religiosa, homofobia e demais preconceitos que violam a Constituição no que concerne à laicidade. O que reivindicamos é sim um Estado laico e este foi sim ferido no processo eleitoral corrente. Sabendo ser isto sintoma de um mal maior, o conservadorismo que rege o Brasil às escuras (ou não), reforçamos nossas ideias sobre a questão das eleições e chamamos o debate sobre Estado laico para além destas. Ressaltamos então a boa sequência que tivemos nos fóruns já citados e continua aberto o convite para outras mobilizações também. Estamos disponíveis para contato aqui no blog, no orkut (http://migre.me/1BwtE), por email e twitter (http://www.twitter.com/estadolaicoja).

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
Contato: estadolaicoja@gmail.com

sábado, 16 de outubro de 2010

E não se fala mais nisso

Abrimos tópicos para discussão em diversos fóruns do Orkut, especialmente naqueles de universidades. Em alguns fomos bem recebidos, noutros negligenciados e até mesmo expulsos chegamos a ser, sob argumentos como "outro tópico de política?" ou ainda "o que esse tema tem a ver com a comunidade?". Parece que as pessoas andam mesmo cansadas da política. E têm motivos, não? São justamente estes motivos que nos propomos a combater junto a todos, mas a exaustão a que lhes submetem os últimos debates políticos impede de atentar para este fato, assim como para outro tão importante quanto: os temas que trazemos são do interesse não só desta ou daquela comunidade, mas de todas as comunidades e indivíduos inseridos ou não inseridos nelas. Como em Piercing, de Zeca Baleiro, a resposta que temos é "e não se fala mais nisso!" ao que respondemos, como na música: "mas nisso não se fala!"

Basicamente é essa a realidade das discussões, mas apesar disso estão tendo força nas comunidades da UFBA (http://tinyurl.com/2bvuxvx) e da USP (http://tinyurl.com/29m4r63). Aqui um fato interessante a analisar: temos mais apoio na universidade baiana. É essa mesma universidade que já adota há algum tempo para o ingresso nos seus cursos o polêmico sistema de cotas para negros, pardos, indígenas e egressos de escola pública. Este foi rejeitado na USP. Antes de questionar a eficiência e justiça deste programa, propomos pensar nos efeitos que traz ao perfil dos estudantes das universidades. Enquanto a USP, sem uma política afirmartiva na sua seleção, lida com os estudantes melhor preparados para o seu vestibular, leia-se aqueles das classes mais altas, a UFBA, ainda que tendo característica semelhante, passa a receber com as cotas um público até onde esse preparo para o vestibular não chegou.

Na comunidade da USP encontramos os seguintes argumentos:

"se fosse levar a ferro e a fogo este história de estado laico:
1- a estátua do Cristo Redentor deveria ser removida no Rio de Janeiro"

"Eu e o Peréio defendemos a demolição da horrenda estátua do cristo redentor!!!!"


Ao que respondemos:

Isso é um exemplo do que agride o Estado laico e é o que está sendo feito no caso das eleições, embora ao contrário. Exploram as diferenças como motivo para conflitos e privam a todos nós da possibilidade de nos unirmos por um bem comum através da democracia. É essa união que venho aqui propor, para nos libertarmos da dominação.

A menos, é claro, que se tenha interesse nela...

Não seria o caso das cotas outro exemplo de diferenças exploradas como motivo para conflitos (e que privam a todos nós da possibilidade de nos unirmos por um bem comum através da democracia)? Estamos longe de entrar agora na discussão sobre as cotas e declará-las aqui como causa ou solução de qualquer problema, até porque estas não podem ser analisadas isoladamente. Na UFBA também tivemos oposição
, que pode ter partido de cotistas e não cotistas, como na USP também tivemos apoio e, de qualquer forma, na internet é difícil definir esses territórios, dizendo com certeza a origem de cada internauta que participa das discussões. Mas pondo em questão a diferença que tivemos, de uma forma geral, na recepção das ideias na USP e na UFBA, podemos sim relacioná-las com as diferenças que vemos entre os seus públicos estudantis e pensarmos ainda nas diferenças (políticas, sociais, econômicas, culturais, etc) que estas duas universidades refletem entre as suas regiões, Nordeste e Sudeste.

Continuam as discussões no
Orkut. Convidamos todos a participarem e a organizarmos, ainda, manifestações presenciais. Lembrando que o tema do Estado laico vai (muito) além do aborto e das eleições.

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Debate Democracia e Estado Laico nas Eleições 2010

Redes e locais públicos de todo o Brasil
Datas: antes das eleições e por quanto durar
Convidados: brasileiros


Já começou o debate online, a exemplo dos endereços listados abaixo:




Qualquer iniciativa, virtual ou presencialmente, é bem-vinda para ser promovida no espaço do blog, que serve para compartilhar e fortalecer o movimento.

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
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JÁ!

As eleições revelaram a realidade medieval de que se faz incubadora nossa sociedade. A partir de um ataque do candidato José Serra à candidata Dilma, aflorou uma discussão sobre o aborto em termos totalmente equivocados. Primeiro porque qualquer decisão a esse respeito é atributo do legislativo. O executivo, pelas mãos do presidente, pode no máximo mandar a decisão de volta para o legislativo e, se este decidir por aprová-la, assim será feito. Em segundo lugar, e mais importante, o equívoco da pauta aborto nos debates políticos está no fato de sermos um Estado laico. Ou seja: somos livres para a prática de nosso credo (ou ausência dele), mas ninguém pode usá-lo como justificativa no âmbito da política. Constitucionalmente o Estado é uma entidade separada da Igreja. Este alvoroço que vemos às vésperas do segundo turno é uma violação à lei, um crime que atinge também a ética e o direito de nós cidadãos de sermos representados pelos nossos interesses quanto à educação, saúde e demais áreas das quais se perdeu o foco nas campanhas. Ignora-se, por exemplo, o fato de 1/5 das mulheres brasileiras já terem feito aborto. Isso é um dado e um problema de saúde pública. O candidato José Serra e seus parceiros, ao iniciarem tudo isso com ataques gratuitos, dão provas de que querem a atenção dos eleitores longe destas questões. Por que?

Enquanto cidadãos brasileiros, vítimas e testemunhas da chuva de preconceitos que agora nos recai, devemos nos organizar a favor de um Estado laico, onde seja prioritária a liberdade civil, política e social.

Para isso o nosso blog http://estadolaicoja.blogspot.com/ está lançado e abre convite para nos organizarmos virtual e pessoalmente por todo o país. Serão postados notícias e textos sobre o movimento. Quem se candidata por um país livre?

Estado laico JÁ!
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