sábado, 16 de outubro de 2010

E não se fala mais nisso

Abrimos tópicos para discussão em diversos fóruns do Orkut, especialmente naqueles de universidades. Em alguns fomos bem recebidos, noutros negligenciados e até mesmo expulsos chegamos a ser, sob argumentos como "outro tópico de política?" ou ainda "o que esse tema tem a ver com a comunidade?". Parece que as pessoas andam mesmo cansadas da política. E têm motivos, não? São justamente estes motivos que nos propomos a combater junto a todos, mas a exaustão a que lhes submetem os últimos debates políticos impede de atentar para este fato, assim como para outro tão importante quanto: os temas que trazemos são do interesse não só desta ou daquela comunidade, mas de todas as comunidades e indivíduos inseridos ou não inseridos nelas. Como em Piercing, de Zeca Baleiro, a resposta que temos é "e não se fala mais nisso!" ao que respondemos, como na música: "mas nisso não se fala!"

Basicamente é essa a realidade das discussões, mas apesar disso estão tendo força nas comunidades da UFBA (http://tinyurl.com/2bvuxvx) e da USP (http://tinyurl.com/29m4r63). Aqui um fato interessante a analisar: temos mais apoio na universidade baiana. É essa mesma universidade que já adota há algum tempo para o ingresso nos seus cursos o polêmico sistema de cotas para negros, pardos, indígenas e egressos de escola pública. Este foi rejeitado na USP. Antes de questionar a eficiência e justiça deste programa, propomos pensar nos efeitos que traz ao perfil dos estudantes das universidades. Enquanto a USP, sem uma política afirmartiva na sua seleção, lida com os estudantes melhor preparados para o seu vestibular, leia-se aqueles das classes mais altas, a UFBA, ainda que tendo característica semelhante, passa a receber com as cotas um público até onde esse preparo para o vestibular não chegou.

Na comunidade da USP encontramos os seguintes argumentos:

"se fosse levar a ferro e a fogo este história de estado laico:
1- a estátua do Cristo Redentor deveria ser removida no Rio de Janeiro"

"Eu e o Peréio defendemos a demolição da horrenda estátua do cristo redentor!!!!"


Ao que respondemos:

Isso é um exemplo do que agride o Estado laico e é o que está sendo feito no caso das eleições, embora ao contrário. Exploram as diferenças como motivo para conflitos e privam a todos nós da possibilidade de nos unirmos por um bem comum através da democracia. É essa união que venho aqui propor, para nos libertarmos da dominação.

A menos, é claro, que se tenha interesse nela...

Não seria o caso das cotas outro exemplo de diferenças exploradas como motivo para conflitos (e que privam a todos nós da possibilidade de nos unirmos por um bem comum através da democracia)? Estamos longe de entrar agora na discussão sobre as cotas e declará-las aqui como causa ou solução de qualquer problema, até porque estas não podem ser analisadas isoladamente. Na UFBA também tivemos oposição
, que pode ter partido de cotistas e não cotistas, como na USP também tivemos apoio e, de qualquer forma, na internet é difícil definir esses territórios, dizendo com certeza a origem de cada internauta que participa das discussões. Mas pondo em questão a diferença que tivemos, de uma forma geral, na recepção das ideias na USP e na UFBA, podemos sim relacioná-las com as diferenças que vemos entre os seus públicos estudantis e pensarmos ainda nas diferenças (políticas, sociais, econômicas, culturais, etc) que estas duas universidades refletem entre as suas regiões, Nordeste e Sudeste.

Continuam as discussões no
Orkut. Convidamos todos a participarem e a organizarmos, ainda, manifestações presenciais. Lembrando que o tema do Estado laico vai (muito) além do aborto e das eleições.

Por um país livre,

Estado laico JÁ!
Contato: estadolaicoja@gmail.com

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